Paulo Freire
Ontem foi um dia confuso pra mim. Fui até a livraria megastore da Saraiva comprar um livro, e sentado ali degustando o livro que comprei Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire fiquei olhando uma moça muita bonita ao meu lado com 4 livros entretida e devorando suas literaturas.
Fiquei por alguns minutos admirando-a mas também cai em uma reflexão existencial.
Comecei a me auto-analisar e auto julgar-me e também a ver o mundo lá fora e me senti meio fora dele. Como na música Lanterna dos Afogados "Quando está escuro e ninguém te ouve, quando chega a noite e você pode chorar, há uma luz no túnel dos desesperados".
Foi isso, me senti dentro do túnel dos desesperados buscando respostas e buscando uma luz.
Por que deste sentimento de estranheza, de diferença e quem sabe de loucura ? Não sei, minha memória parece estar ficando falha. Acho que o excesso de informações que tenho diariamente gera o stress necessário para me dar alguns lapsos ultimamente.
Mas na verdade não era o lapso que eu refletia. O que me fazia refletir era o "homem jovem" fora dos padrões dos outros "homens jovens", ou dos jovens de um modo geral.
Me senti fora dos modos de agir e pensar de tudo. Por que não olho a balada como os outros ? Por que não vejo o relacionamento homem x mulher como os outros ? Por que no campo profissional não olho igual aos outros ? Por que de eu não me enquadrar nos padrões normais e também não aceitar que moldem a minha cabeça para isso ?
É verdade...Acho que existem dois lados, um bom e um ruim. O lado bom é que a diferença gera a diferença, e você sai fora do comum, mas por outro lado, a diferença no meio de um círculo igual gera a solidão do túnel. Não solidão de depressão ou exclusão. Mas a solidão que só ela é capaz de te compreender e conversar com você.
Hoje lendo o livro achei uma luz no túnel dos desesperados, uma luz que trouxe muitas explicações.
Paulo Freire criou um método diferente para a educação do alfabetizando. Para ele a palavra imposta e/ou decorada bloqueia o indivíduo. O professor não é o ente que deve ensinar, mas ele deve coordenar a palavra geradora e fazer que o alfabetizando a auto-critique, se coloque na sua existência e busque as várias formas de que ela possa significar e derivar. Assim, o individuo não aprende e sim desenvolve-se.
Um exemplo prático. Um estudante que estuda o cursinho para entrar na universidade. O exercício que ele faz é decorar a literatura e fórmulas para responder na prova. Ele não questionou se aquilo está certo ou não e se ele concorda. Apenas decorou. Entrando na universidade ele não se lembrará de mais nada.
Sem a auto-crítica, a reflexão e o práxis não se tem a evolução no mundo. Mas sim, tornamos robôs programados para um modelo de sociedade.
Parece loucura escrever sobre isso.
Outro exemplo. Trabalho de Conclusão de Curso. Você não pode expressar sua opinião ou vivência própria, é proibido. Você só pode dissertar sobre o pensamento do autor citado.
Quando você desenvolve esta síntese, seu espírito começa a decodificar pensamentos, assuntos, idéias, vivências e você auto-crítica se isso é realmente o certo, bom, tipo de ganho, benefício e etc...
O homem tem que buscar o significado da sua existência no mundo.
Então respondeu a minha crise. Não sigo regras de sociedade, não copio amigos, não entro em ondas, não me moldo ao sistema, porque faço a auto-crítica e reflexão e parto para o julgamento do mundo. Isso não significa ser crítico e "bonzão", mas significa decodificar as palavras.
Quando faço isso, eu questiono os valores dos significados...
Quem foi que disse que tem que ser assim ? Quem foi que disse que bebida alcoólica você tem que beber até vomitar e perder os sentidos para os seus amigos ? Quem foi que disse que na balada você tem que "pegar" (x) pessoas para provar a todos que você é o bom o suficiente ? Quem foi que disse que se você tiver pós-graduação, MBA significa que você é bom de verdade ? Quem foi que disse que felicidade é um modelo igual para todos ? O que é tudo isso ...
Nossa quanta coisa diferente escrevendo, por isso minha memória tem falhado...
Uma coisa aprendi ao longo da minha vida. Não posso querer que as pessoas façam, pensem ou ajam como eu ou como as outras, mesmo sabendo que aquilo que está sendo feito está errado.
Aprendi a partir de hoje que devo sim coordenar o tema, assunto ou idéia a que a pessoa possa desenvolver, decodificando a palavra nela e que transferindo para o seu mundo de vida e mundo de fora possa buscar mais significados e buscar a verdade.
Na verdade eu não sou diferente, apenas não copio ou absorvo a fórmula. Questiono.
A maioria das pessoas de exatas (Engenheiros, matemáticos, Físicos ...) são "quadrados" por que foram moldados para o pensamento cartesiano.
Só o humanismo é capaz de fazer o ser humano a questionar a fórmula e não a segui-la e "homonizar" o mundo.
Bom pelo menos passou esse questionamento. A lição de vida que levo é que não importa o que os outros pensem ou achem, o que importa é que você viva feliz e bem consigo mesmo.
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