Num mundo oco
Cheio de ilusão
Saturado de lembranças
Que nunca morrem."
Monique Flock
Desde pequeno eu guardo na minha memória todos os momentos vividos, rostos, pessoas, frases marcantes e sentimentos expressados. Últimamente minha memória tem tido lapsos devido a sobrecarga de informações, mas estão todas guardas ali dentro, como numa caixinha de sapatos que guardamos cartas de nossos amores e romances.
Talvez seja por isso que eu deva gostar tanto de histórias e filmes. Ambos são registros guardados.
Confesso que hoje saiu da minha caixinha de sapato uma lembrança que deu muita saudade. Foram momentos desta carta que foram muito especiais. Quando você se defronta com a lembrança de modo real e ao vivo é uma sensação como uma ponte rachada no meio que você não pode pular se não você cai ou de repente como um peixe de aquário, que está sozinho no seu espaço sendo observado por todos, mas não pode fazer nada ou reagir, pois existe uma barreira entre estes dois seres e mundos.
Será que até que ponto vale a pena reprimir o homem interior ?
Fui questionado com uma pergunta que eu não soube responder e essa falta de resposta aguça meu juízo até agora. Atrás do trabalhador, do amigo que pensa mais nos outros do que em si mesmo, do homem que sempre ri e pensa como um revolucionário, quem é o Maurílio de verdade que está escondido ? Este que devem gostar pelo jeito que é....
Por que me tira o sono pensar nisso ? Por que não consigo responder ? Será que ele existe mesmo ?
Não sei, aprendi a conviver com meu eu interior e o vazio que acho que esse Maurílio que essa pessoa queria descobrir vive sozinho no mundo entre eu ele, e nenhuma pessoa pode tirá-lo de dentro e tampouco compreender o por que dele viver assim...
Rubem Alves diz que o homem precisa do vazio. Este vazio não é o maligno da depressão, mas o espaço onde a alma e os pensamentos vivem entre si.
A palavra saudade é definida como a melancolia causada pela lembrança e a ausência de pessoas, estados, coisas e ações. Provém do latim "solitáte" solidão.
Acho que a simetria desta conjuntura se dá ao fato da palavra "ausência" mesmo.
Realmente as lembranças chegam sempre em noites tão vazias e quando o sono vem o dia já nasceu.
A realidade da vida é muito mórbida, prefiro viver no romantismo da vida que eu acredito que deveria ser e estar e só consigo encontrar no meu vazio interior.
Tentar tornar o mundo romântico eu tento, mas apesar da juventude e garra, este guerreiro está todo arranhado e desgastado nesta selva...
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