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sábado, 15 de agosto de 2009

Para onde vou ?

"Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você."
Sartre


Meditando sozinho comigo mesmo, na solidão amiga da minha alma, fiz uma viagem no tempo da minha vida e me peguei nos meus 11 anos de idade.
Menino em formação, sonhador, amante das aventuras cinematográficas e dos livros de história, ganhei meu primeiro prêmio estudantil de Poesia, com o título "O Serafim" na Escola Estadual Profº Luiz Gonzaga Righini, e ali mesmo, com meu professor de Língua Portuguesa que nunca mais o esqueci, “Carlos Verdasca”, tive meus primeiros contatos com a mitologia
grega e o interesse pela literatura brasileira. Também foi nessa escola freqüentada por uma Comunidade Pobre que as maiores lições de vida e aprendizagem, semearam o homem que sou.
Criado em um berço protestante, aprendi a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo. Além disso,"Eu tudo posso" pois, Deus me fortalece.
Comecei a trabalhar com 14 anos de idade, talvez seja o motivo de eu ter amadurecido tão depressa.
Me lembro perfeitamente do meu primeiro emprego. Adolescente e inexperiente, posto entre Juízes e Desembargadores no Tribunal Regional Federal em São Paulo.
Nesta época pensei em ser Advogado e Juíz, mas acredito que nesta vida tudo se tem um plano e escolhas, e hoje eu tenho certeza, que esse não era realmente meu plano de vida.
Desde a adolescência sempre gostei da solidão. De estar sozinho. Mas hoje percebo que na verdade eu gosto das fantasias que a solidão me permite idealizar. Mas no fundo a solidão é uma desculpa.
É na solidão que eu penso, que a dor desperta em mim meus principais anseios e loucuras e me pressiona sobre minhas decisões. Também é na solidão que o Maurílio vai conhecendo e descobrindo a natureza humana e vai se desligando cada vez mais deste mundo.

Mas as decepções, dúvidas e questionamentos começaram-se mesmo a surgir a partir dos meus 15 anos.
Freqüentei desde minha infância os bancos da Igreja. Uma igreja simples, de pessoas pobres e humildes, mas harmonizadas com os ensinamentos que o então líder nos ensinava.
Após sua morte, o que era para ser um legado virou uma Utopia, e pela falta de sensatez e instintos falsos de uma sobrevivência obscura pelos membros, conseguiram afastar-me da instituição e fizeram-me questionar sobre que tipo de "Deus" que eu acreditava. E hoje eu sei que estou certo.
“Se Deus é as flores e as árvores, o sol, o monte e o luar, então eu acredito nele. E minha vida será uma eterna oração.” Fernando Pessoa.
A partir dos meus 19 anos, instigado pelas novas descobertas e busca das razões, fui assumindo e libertando minhas loucuras.
Sim, a Filosofia, Literatura e Psicologia foram respondendo-me os sentimentos, desejos e culpas que minha mente me sentenciava, e por ser ainda tão jovem, eu achava que não pertencia a este mundo.

Na Universidade não foi diferente. O ideal que eu acreditava era só parte das minhas fantasias, e ali fui conhecendo as maiores burocracias e sepultamento de vidas humanas que já presenciei nos meus dias para os Jovens, futuros das nações.

Mas agora era diferente, o Maurílio já era um homem formado e com a capacidade de escolhas e atitudes do seu futuro.

“O que vou fazer com aquilo que estão fazendo comigo ?”

Mudar, reagir, melhorar, propor e viver a vida como ela é, sem dogmas. Cazuza disse na letra Ideologia, “Meus heróis morreram de overdose e os meus inimigos estão no poder”. E pra mim, quem são meus heróis ?
São eles, John Lennon, Mahatma Ghandi, Martin Luther King, Malcon X, Darcy Ribeiro, Elvis Presley, Geraldo Vandré, Zumbi dos Palmares, Santos Dumont, Karl Marx, Albert Einstein e ...

Homens que fizeram a diferença e não aceitaram a normalidade desse Mundo. Fizeram de tudo para mudar, melhorar e abrir os olhos da vida, para um futuro justo e equalizado com o “Mundo Melhor”.

A então saga árdua começa. Vivendo e observando a minha geração sendo ensinada a sermos robôs regrados, sufocados e comprometidos com o progresso do capitalismo a custo do individualismo e da troca da vida pela morte nos bancos das Universidades e da sociedade atual, fundei com mais um grupo de alunos o Diretório Acadêmico Darcy Ribeiro. Um grupo disposto a contribuir com a sociedade, trazer esperança e evolução de vida para os Jovens.
Foram muitas batalhas e perseguições na Universidade por um Senhor da Guerra, um homem vazio e vingativo que se esconde atrás da Seita Tradição, Família e Propriedade da Igreja Católica, só por que queríamos que formassem cidadãos e não apenas profissionais de trabalho.
Um dia ele pensou que havia me matado, mas ele foi derrotado ali no palco da colação de grau com meus amigos e pelo nome Maurílio que ficou na história da instituição.
Passei por três grandes multinacionais. Trabalhei com pessoas de diferentes países, perfis, personalidades, capacidades e o monstro chamado “ Pensamento Coorporativo” não foi capaz de trocar minha personalidade, virtudes, sonhos e vender minha alma ao Diabo em troca do Crachá, Ticket, Bônus e um nome na Carteira profissional.
Militei na Política. Corruptos, ladrões e interesseiros também não foram capazes de mudar a minha auto-estima e a desacreditar do meu Brasil.

Enfim continuo lutando pela diferença. A diferença sadia que agrega, que liberta, que transforma pra melhor e me faz sorrir com as crianças.

Possa ser que como Darcy Ribeiro, eu tenha mais derrotas do que vitórias. Mas a esperança em mim ninguém jamais irá matar.

2 comentários:

  1. Excelente texto....a vida é uma linha de tempo que leva tudo adiante...só não consegue fazer passar o caráter e persistência dos bons de alma, dos corações livres que lutam contra o vento na certeza de encontrar após o arduo tento a serenidade e harmonia de novos tempos.

    Abraço
    Leandro

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  2. Obrigado. Tenha certeza que você é uma das pessoas que fazem parte desta história de vida e um ser humano que me faz ainda acreditar que tudo pode ser diferente.

    Um Abraço

    Maurílio

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