Pesquisa

domingo, 13 de setembro de 2009

O Brasil contado pelo Samba

"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça, ou doente do pé."

Dorival Caymmi

Ontem fui ao aniversário de 26 anos de uma grande amiga, a Marina Ferrari, e ao chegar no local vendo aquele ambiente, som e pessoas, me fez cair em alguns minutos de reflexão. Me fez refletir que aquela alegria e harmonia eram o meu Brasil.
A comemoração foi feita com um bom churrasco, bebidas, homens e mulheres com uma energia astral maravilhosa e uma extraordinária cozinha musical ao vivo de Samba.
O churrasco para mim é uma tradição gastronômica de maior poder de relacionamento humano que existe. Todas as pessoas que desejam se reunir e se confraternizarem fazem um bom churrasco. O churrasco tornou-se mais do que uma simples gastrônomia, mas virou um motivo de encontro, de pessoas reunirem para se harmonizarem.
Quando o churrasqueiro que está sempre acompanhado de 2 ajudantes fatia em pedacinhos e começa a passar nas rodas oferecendo o alimento, ali ele começa um motivo a mais de contato social.
Pois bem, além do churrasco a maior saliência que tive foi ver o poder do samba em provocar nas pessoas uma explosão de sentimentos de alegria. O contexto rítmico e a harmonia penetravam na alma das pessoas e faziam vozes se elevar, pares a dançar, palmas acompanhar e pessoas interagindo umas com as outras.
A origem do samba começou nos morros baianos e cariocas por negros e mestiços marginalizados, mas destacou-se mais no Rio de Janeiro. Nestas comunidades apartadas dos centros urbanos os negros e mestiços mantinham suas culturas africanizadas nas casas das "Tias Baianas" e usavam o samba como uma manisfestação cultural e social. O primeiro samba foi composto por Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos).
Com letras retratando a "malandragem" que o morador da comunidade tinha que fazer para sobreviver, em 1930 ao assumir o Poder e criar as Leis Trabalhistas, o então Presidente Getúlio Vargas começou a censurar músicas que retratavam a "malandragem" por achar que faziam-se apologia a vadiagem. Somente em 1940 censurou 373 letras de samba.
O samba também era usado como forma de declarar o amor do sambista pela amada ou como ferramenta de resposta ao concorrente da amada ou também como denúncias sociais. É perceptível em Letras por exempo do Noel Rosa.
O Brasil sempre foi feito de pobres. Não é de hoje que as Classes C, D/E representam 86%do nosso país. E nestas camadas o samba era usado para as pessoas se expressarem e fazerem do ritmo uma alegria incomparável.
Ali na festa eu percebi o poder da nossa miscigenação racial e a essência do brasileiro.
Um povo de sangue misturado que o torna inclassificável. Povo amigo, alegre, companheiro e acima de tudo criativo. Não tenho dúvidas que somos o melhor povo do mundo.
Tirando o samba, o funk carioca criado nos morros cariocas também tem um poder de reunir grupos e influenciar atitudes harmoniosas não esquecendo do axé e do sertanejo.

Não posso esquecer da Caipirinha. Dança, churrasco e brasileiro sem caipirinha não é o mesmo.

O samba é uma marca nacional, a partir dele, derivou outros ritmos como a samba-choro, samba-canção, samba-raiado, samba partido alto, samba de breque, samba-exaltação, samba-enredo, bossa nova, pagode, carnaval e etc...

Enfim, foi uma festa maravilhosa ! Termino esta reflexão homenageando claro a Aniversariante com o clássico "O Mar Serenou" de Antônio Candeia interpretado por Clara Nunes... Parabéns Mari !!




Nenhum comentário:

Postar um comentário